Em menos de seis meses, o preço do aluguel de carro com motorista no país subiu em média 15%, e o aluguel diário caiu de R$ 55,00 em fevereiro deste ano para R$ 63,00 em julho.
O levantamento da Consultoria Teros foi feito em sete capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Porto Alegre), além de Campinas, no interior paulista.
Ainda segundo a análise, os preços do aluguel de carros para o consumidor comum subiram 21%, em média, em 28 cidades, sendo que, na capital paulista, a alta chegou a 28%. Entre os carros sofisticados, o reajuste foi de 19% e entre os modelos básicos, 23%.
Para o autor da pesquisa, os aumentos nos preços dos aluguéis de veículos têm algumas explicações: como as montadoras estão com dificuldade para entregar carros por causa da falta de componentes, o mercado de usados está aquecido e as locadoras aproveitaram para vender e lucrar.
Com menos veículos disponíveis para locação e maior demanda em função da retomada da economia, os preços subiram. De acordo com Férres, nos últimos cinco anos, o mercado “rent a car” vinha numa tendência contínua de queda de preços, o que tem se revertido neste cenário de fim da pandemia.
No estado de São Paulo, 60% dos motoristas de aplicativos usam carros alugados, segundo a Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp). E a locação representa, de acordo com a associação, 35% dos gastos de cada condutor. Eduardo Lima de Souza, presidente da Amasp e motorista de aplicativo há cinco anos, aponta outro motivo para o aumento dos valores: a fusão entre as duas maiores locadoras do país, Localiza e Unidas.
Ainda de acordo com a Amasp, até fevereiro, a mensalidade de um carro de quatro portas com ar-condicionado era na faixa de R$ 1.300,00 a R$ 1.420,00. Depois disso, para o mesmo tipo de carro, o contrato subiu para R$ 2.090,00.
Segundo o economista VanDyck Silveira, mais de 40% do mercado de aluguel de carros está nas mãos da Localiza e da Unidas.
Todas as vezes em que há uma concentração de mercado, o detentor do poder pode aumentar os preços, sem grandes riscos de que o cliente mude de provedor. Mas, de acordo com Silveira, a preocupação é temporária.
“Conforme os preços vão subindo, outros investidores podem se interessar em entrar no mercado com modelos mais interessantes de negócios”, afirma o economista. Para ele, os valores devem voltar a patamares anteriores dentro de seis meses a um ano.
Outro lado
Nós procuramos o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que informou que a operação de fusão da Localiza com a Unidas encontra-se em análise na Superintendência-Geral.
Já a Localiza afirmou que os reajustes de preços são efeito de um desafio que a indústria automobilística mundial enfrenta: a falta de semicondutores para a produção de carros, impactando toda a cadeia produtiva dependente dela, tanto no Brasil quanto no exterior, caso dos Estados Unidos e da União Europeia.
Ainda segundo a companhia, é uma realidade do mercado global e não tem qualquer relação com o anúncio de intenção de união com a Unidas. A empresa também declarou que as duas locadoras continuam a operar separadamente e de forma independente até a decisão final da autarquia. Procurada, a Unidas não se manifestou até a publicação desta reportagem.
Via: G1